sexta-feira, 15 de junho de 2012

As expressões emocionais são inatas ou aprendidas?

Charles Darwin especulou que na pré-história, quando nossos ancestrais ainda não tinham a fala bem desenvolvida, suas habilidades de demonstrar ameaças, reconhecimento e submissão com expressões faciais os ajudavam a sobreviver. Porém, O contexto em que uma emoção é expressa influencia na percepção do observador.

Lev Kulechov, diretor de cinema russo demonstrou na década de 1920 que pela habilidade de bons diretores, era possível provocar emoções no público ao definir um contexto no qual os espectadores interpretavam as expressões dos atores.


Kulechov produziu três filmes curtos, cada um deles representado em um de três contextos, seguidos por clipes idênticos de um ator com uma expressão neutra. Ao verem o filme de um prato de sopa, os espectadores notaram, em seguida, fome no rosto do ator. Ao verem uma criança num caixão, eles perceberam tristeza no olhar do ator. Ao verem uma mulher deitada no sofá, disseram que o ator aparentava desejo.

Apesar de alguns aspectos das expressões serem determinados culturalmente, há expressões emocionais básicas que são reconhecidas universalmente. Há quatro décadas o psicólogo americano Paul Ekman, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, se ocupa do estudo da mímica facial humana.

Nos anos 50, quando estudava Psicologia na Universidade de Chicago, considerava-se que as expressões de emoção eram aprendidas e não inatas. Ekman foi contrário ao pensamento científico vigente e viajou para diferentes países. Analisou a identificação e a expressão facial de pessoas de centros urbanos e de povoados isolados, demonstrando que há sete expressões emocionais básicas universais: alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa, nojo e desprezo (respectivamente).
Pesquisas posteriores confirmaram aspectos dos testes de Ekman. Um estudo de Matsumoto e Willingham comparou as expressões faciais de judocas, com visão e cegos, nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2004. Eles descobriram que os indivíduos com e sem visão tiveram as mesmas expressões emocionais de acordo com o contexto da situação observada, chegando à conclusão de que as expressões das emoções estão configuradas nos genes.
Publicação com autoria de: Bruno Maciel

Referências:
* Darwin, C. (2000).  A Expressão das Emoções nos Homens e nos Animais; São Paulo, Companhia das Letras. .
* Friesen, W. & Ekman, P. (2002). Facial Action Coding System (FACS) - [CD Rom]
* Wallbott, H. G. (1988). In and out of context: Influences of facial expression and context information on emotion attributions. British Journal of Social Psychology, 27, 357–369. doi: 10.1111/j.2044-8309.1988.tb00837.x
* Matsumoto, D. & Willingham, B. (2009). Spontaneous Facial Expressions of Emotion of Congenitally and Noncongenitally Blind Individuals. Journal of Personality and Social Psychology, 96, 1–10. doi: 10.1037/a0014037  


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